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Foto do escritorEscola Yoga Maya

Cap. II - Rumo ao exterior: o encontro do sentido na sociedade e no trabalho




Os anos se passaram e Licea tem quinze anos.


Neste tempo Licea é encantada pela profissão do pai. Tersthya, sua irmã, havia se casado e se mudado para longe. Licea sentia sua falta.


Tersthya foi como uma mãe para Licea desde a morte de Sophia, mãe de Licea. Agora era ela e o pai e acompanhar seu ofício era a alegria de sua vida. A precisão das mãos do pai na elaboração de arcos e flechas perfeitos apaixonava Licea que ansiava pela hora que o pai permitisse que ela também produzisse com ele.


A vida na Aldeia, apesar de mais calma devido ao fim das guerras, já não era mais a mesma. A velha curandeira havia morrido e muitos sabiam que sua força era um equilíbrio naquele local.


Nesta época o que mais incomodava Licea eram os sonhos com a sombra, que haviam voltado.


Aquela sombra sempre atrás dela. Ela sempre buscava fugir e ao acordar era um alívio. Tinha esperança de que como na infância aquilo iria passar.


Lembrava que sua irmã contava que certa vez sua mãe a levou na velha curandeira e a velha havia falado que aquilo só iria passar de vez quando ela fosse mais velha e tivesse condições de fazer o aprendizado daquilo.


Que aprendizado seria este?


Certa noite Licea sonha que foge desesperadamente da sombra, como sempre acontecia. Desta vez havia algo diferente. Ela corria em um escuro deserto, mas havia uma luz azul distante que parecia chamá-la. A atração era forte. Até que ao chegar próxima a luz azul Licea nota que a sombra havia desaparecido.


Desesperada e de joelhos ela pede ajuda a luz. A luz se expande e incorpora seu corpo. Licea percebe que existe ali uma mulher, mas a força da luz ofusca sua visão. Uma voz sai da luz e fala:


- Licea, pode se acalmar, aqui sua sombra não aparece.


Licea pergunta:


- Minha sombra?


- Sim, é sua e sempre estará com você. Sua tarefa será descobri-la e transformá-la. Na hora certa o velho sábio vai aparecer e te apontar o caminho. Agora você deve se voltar para o trabalho. Procure por frutas.


Licea nota na forma da mulher uma grande trança e óculos redondos, mas não percebe a sua face. Então um abrupto despertar ocorre. O sonho foi muito forte e difícil de entender.


Passados alguns dias Licea está em companhia de seu pai que lhe fala que ela deve procurar por um trabalho diferente de acompanhá-lo em seu ofício.


Ela fala que seu sonho é fazer arcos e flechas com a perfeição de seu pai. Ele diz que a aparência bela de seu produto vai até o ponto de ser usado quando vai provocar dor e morte em animais e seres humanos.


Apesar de obvio Licea se choca. Ele tem razão.


Ela fala:


- Pai, o que faço então?


Ele responde:


- A barraca de frutas da feira dos domingos tinha um aviso precisando de gente. Porque você não vai até lá e se oferece para ajudar.


Licea fica chocada. Era a voz da mulher da luz azul de seus sonhos, “procure por frutas”.


Muitos anos se passaram e Licea comemorava seu aniversário de 40 anos.


Casada e mãe, Licea era dona de uma boa área de cultivo de maçãs. Dominava seu negócio e trabalhava muito. Tinha tudo o que precisava. Amava sua família.


Seu pai havia morrido alguns anos antes.


As vezes o que deixava ela muito triste eram todas as mortes de sua família. Seus pais e sua irmã Helena se foram. Era duro lembrar, mas Licea logo chamava seu racional afiado e pensava que era a vida e estas emoções não podiam atrapalhar seu foco no trabalho e no seu sucesso.


Seguia em frente com a certeza de que emoções deviam ser controladas com força. Ser tomada por emoções só atrapalhava.


Algum tempo depois Licea começa a sentir um vazio e uma total falta de sentido na vida. Não entendia muito bem o porquê. Ela tinha tudo. Era respeitada e ganhava um bom dinheiro. Ia tudo bem com sua filha e seu marido.


Certa manhã, ao chegar no trabalho, uma estranha força não permite que ela entre. Ela fica confusa. Uma voz fala de dentro dela:


- É hora de buscar seu propósito. O vazio existe para ser preenchido. Ele cresce porque o sol está oculto. Este vazio é sua motivação. Procure pelo velho sábio.


Seria a voz daquela senhora dos sonhos de décadas atrás?


Três meses depois Licea já havia procurado ajuda para lidar com aquele vazio e as ervas que foram receitadas tinham feito efeito, mas com o tempo parecia que já não ajudavam como de início.


Ela estava ciente daquela bobagem que era dar atenção aquela voz.


Como poderia um vazio que mais parecia uma dor no centro de seu peito ser algum tipo de motivação. O problema era que aquele vazio só aumentava.


Ela vinha piorando tanto que por vezes sentia até desespero tamanho era aquele sentimento. Ela precisava de ervas mais fortes que certamente resolveriam seu problema.


Para ouvir a história sendo contada pelo Professor Eduardo, acesse o nosso Instagram: @escolayogamaya



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