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Cap. I - Dores que um dia serão a matéria prima da transformação: do nascimento as primeiras perdas





O Mito de Licea começa pelo ato na caverna que o é final do aprendizado de Licea que agora está pronta para um novo renascimento em sua vida. Neste último ato Licea está sentada na caverna de costas para a chama que funde as cores prata e amarela. A voz que sai da chama fala:


- Está é a última etapa do seu processo.


A parede da caverna a sua frente começa novamente a gerar uma pintura com movimentos.


Na pintura Licea aparece com uma estrela muito luminosa no centro de seu peito. Em seguida aparece na pintura uma pessoa que se encanta com seu brilho e se aproxima de Licea.


A pessoa toca com a palma da mão o centro do peito de Licea. Neste momento Licea sente que deve tomar ali uma decisão importante.


Já acostumada com seu processo interior, Licea reage criativamente e de maneira delicada retira a mão da pessoa do centro de seu peito. Em seguida ela leva a mão da pessoa até tocar no centro de seu próprio peito onde uma estrela de Luz também se abre. A voz fala mais uma vez:


- A lua se abriu para você passar. O sol se abriu para você passar. Os astros se uniram dentro de você. Agora sua jornada termina aqui para um novo reinício lá fora. Você finalmente viverá o seu sentido desta vida. Ensinará outros a descobrirem sua própria sabedoria interior.


O nascimento e seus primeiros anos


A história retorna no tempo do momento do nascimento de Licea na aldeia de Ters.


Seu nascimento foi difícil pois o primeiro respirar seguido do choro demorou, mas tudo ocorreu bem pois Licea estava na mão da velha curandeira da aldeia. Aquela sábia mulher sabia como dar vida as pessoas. Um toque correto na criança e aquela mistura de grito e choro foi ouvida por toda a aldeia. Esse é o início de sua jornada.


Licea era filha de Aham, um artesão que fabricava arcos e flechas para os soldados e para a caça, e de Sophia que atendia mulheres desesperadas pela perda dos maridos para a guerra.


Tinha duas irmãs mais velhas. Helena de seis anos e Tersthya de oito anos. Na época de seu nascimento sua mãe não estava bem. O país estava em guerra e ela escutava calmamente tentando apoiar mulheres viúvas pela guerra. Parecia haver ódio por todo lado. Ninguém aceitava opinião diferente sobre os lados da guerra sem agir com violência. Havia também muita escassez de alimentos pois a guerra consumia muitos recursos. O povo passava fome e por isso tudo sua mãe estava muito mal. A tristeza da mãe neste período acabou por fazer com que ela desse pouca atenção aos primeiros anos de vida de Licea.


Sua irmã mais velha Tersthya, mesmo sendo muito jovem, cuidava como podia de Licea dada a ausência da mãe. Assim passam os primeiros anos de sua vida.


Alguns anos mais tarde, Licea já estava com sete anos, tudo havia melhorado e a paz estava presente na aldeia. Licea adorava ver o pai trabalhar e sonhava o dia em que poderia fazer arcos e flechas tão perfeitos como seu pai fazia.


A mãe estava melhor e lhe dava bastante atenção. A vida era boa e ela brincava criativamente com qualquer objeto que encontrasse. Sua felicidade era atrapalhada apenas por alguns sonhos recorrentes que tinha de uma enorme sombra que a perseguia.


Gostava de falar sobre estes sonhos e sempre procurava uma maneira de se proteger. Fazia orações antes de dormir, mas nada adiantava. Até que um dia sua mãe a leva até a sábia curandeira. A mãe pede que esta sombra saia de perto de Licea. A sábia curandeira responde:


- Esta sombra não está fora dela. É um aspecto da vida dela que ela ainda não tem idade para entender. Com o tempo vai se acalmar. Quando crescer e se tiver coragem vai voltar a confrontar esta sombra e poderá entendê-la.


Porém a tranquilidade e paz destes dias chegava ao fim devido a uma peste. Viajantes de longe foram abrigados na cidade e um deles morreu após a chegada devido a uma forte febre e manchas de pus por todo o corpo.


Em poucas semanas a maior parte da aldeia estava doente. A sábia curandeira não aguentava tanta demanda e via muitas perdas de vidas todos os dias. Seus pais, ela e suas irmãs também adoeceram. Em poucos dias sua irmã mais nova e sua mãe morrem.


Era o fim para Licea. Ela, o pai e a irmã mais velha sobrevivem, mas a dor destas perdas foi enorme. As mortes vão marcar sua vida para sempre. Tersthya novamente assume o papel de mãe. Agora já com quinze anos deve zelar pelo crescimento de Licea.


Para ouvir a história sendo contada pelo Professor Eduardo, acesse o nosso Instagram: @escolayogamaya


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