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Bhakti Yoga – O Yoga da Devoção

Por Professor Eduardo Dias Ferreira



Antes de entrar mais a fundo no caminho do Bhakti ou Yoga da Devoção, preciso rapidamente colocar em questão como podemos manter nossa energia e foco naquilo que requer nossa ação e, ao mesmo tempo, nos mantermos livres dos frutos e resultados de nossas ações.


Aqui a ação livre é toda ação desapegada de seu resultado. Assim é a ação em sua pureza e nada tem com a falta de ação.


Assim é o Karma Yoga ou Yoga da Ação. A resposta é que essa liberdade e presença na ação que deve ser realizada só pode ser obtida através do Bhakti Yoga.


O Senhor Krishna no texto Bhagavad Gita, canto 12, é questionado por Arjuna quais devotos de Krishna que conhecem melhor o Yoga.


Krishna afirma que são os devotos ajustados a ele. Neste caso, Krishna representa Brahman ou nosso Eu Maior além do eu, do ego e da personalidade e Arjuna nosso ego/personalidade.


A resposta de Krishna é ampla, mas o ponto central é o seguinte:


“Aqueles que, tendo assentado sua mente em mim, me servem, sempre ajustados, possuidores de uma fé absoluta, esses eu entendo que são os mais ajustados. ” (12.2)


Este Ajustamento na citação de Krishna acima é o processo do Yoga.


Esse processo se dá quando a estrutura do eu está tão límpida que é capaz de refletir plenamente Brahman.


O eu e a mente passam a ser subordinados do nosso “Higher Self” e não mais são guias de nossas vidas.


O Bhakti Yoga é o caminho de obtenção de toda esta percepção pela via emocional e devocional.


Utilizamos a emoção e não a nossa mente para atingir nosso centro maior e consciente.


Esta via pode ser através da reverência a determinada forma dentre múltiplas possíveis do divino.


Aquela imagem que toca diariamente seu coração, suas orações, seus pequenos rituais diários e para a qual suas meditações são dedicadas.


Observamos isto em diversas manifestações culturais e religiosas da humanidade. Está é uma maneira de lentamente desenvolver nossa relação de despertar da profunda ligação com Brahman, nosso centro consciente que tudo permeia.


Entenda Brahman com um pequeno exercício:


Fique em silêncio por um instante e pergunte a si mesmo com sua voz interior: “Quem é Brahman? ”. Em seguida, pergunte a si mesmo quem é aquele dentro de você que escutou sua própria pergunta?


São perguntas simples e claro que uma resposta criativa necessariamente não vai surgir de imediato, mas com a disciplina do seu Bhakti Yoga e meditação, a revelação vira.


Outra forma de Bhakti Yoga despida de imagens e reverências a formas externas, ocorre quando passamos a desenvolver nossa fé diretamente em Brahman como um centro interior que é nossa própria consciência.


Uma fé que olha sempre para dentro, capaz de remover os obstáculos, os comportamentos e memórias que bloqueiam nosso acesso ao nosso mais íntimo ser consciente. Desenvolvemos nossa devoção a este íntimo interior e buscamos o ajustamento que é Yoga por esta via.


Na medida em que a revelação de nossa natureza se apresenta, começamos a modificar de maneira natural e espontânea nossas relações e nossa maneira de agir com os resultados e os frutos de nossas ações.


Aliviamos o peso dos objetivos a serem alcançados, criamos uma distância segura do apego a estes objetivos e o resultado é menos sofrimento, mais alegria e uma vida mais plena.


Agimos com o foco em Brahman e para Brahman. Passamos a entender que os resultados alcançados só eram geradores de felicidade porque os desejos sumiam provisoriamente quando estes eram atingidos e sem desejos nossa natureza plena é revelada.


Se nos mantivermos no antigo ciclo vicioso, logo outro desejo surge e voltamos ao nosso estado de sofrimento, que se mantém quando não alcançamos estes objetivos ou de uma alegria passageira quando alcançados.


Não deixamos na jornada de ter objetivos. Percebam que nossa relação com estes objetivos é que mudam.


A mente agora é discípula do nosso centro e não mais nossa guia.


Somos devotos desta força de sabedoria infinita, livre de sofrimento e nosso eu e nosso corpo passam a agir com o coração ativado por toda esta devoção.


Este é o caminho do Bhakti Yoga e sua poderosa força transformadora de toda ação neste mundo.


Namaste.


Referências

1. Carlos Eduardo G. Barbosa: Bhagavad Gita, Ed. Mantra, primeira edição

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