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A Árvore de YogaMaya

Por Professor Eduardo Dias



O simbolismo da árvore na psique humana possui uma vasta possibilidade de significados e interpretações.


A árvore sempre abundante em boa parte do planeta, hoje certamente cada vez menos, nos remete a paz, silêncio, integração, beleza, raízes fortes, transformações a cada estação do ano e finalmente frutos.


Tudo isto não escapa do universo interior humano criando relações e conexões com todos os acontecimentos e situações que vivemos.


No Yoga não é diferente. Um conhecido e influente Yogi Indiano, B.K.S. Iyengar, intitula um de seus livros que trata da relação do Yoga com a vida, a saúde e o mundo de “A Árvore do Yoga”.


No Ashtanga Yoga de Patanjali, de ashta que significa oito e anga que significa membros, é comum encontrarmos a associação simbólica dos oito membros onde o código de ética Yogi, os Yamas e Nyamas estão representados na raiz da árvore, no tronco os Asanas, nos galhos Pranayama, Pratyahara e Dharana, as flores Dhyana e finalmente nos frutos o Samadhi.


Para o leitor ou leitora que ainda não conhece o Ashtanga de Patanjali, os membros são referentes ao iniciado na jornada do Yoga que desenvolve simultaneamente todos a partir do Samadhi, apesar de em geral as interpretações falarem em um caminho de passo a passo, o que discordo.


Os passos são um desenvolvimento posterior do Yoga Medieval.


Respectivamente os membros são:


1. Yamas - Código de conduta nas relações exteriores.

2. Nyamas - Código de conduta na relação interior.

3. Asana – Postura que prepara o corpo/mente para o assento confortável.

4. Pranayma – Expansão do Prana, o sopro vital.

5. Pratyahara – O desligar da conexão com o mundo exterior através dos sentidos.

6. Dharana – A mente concentrada em um foco único, o objeto da meditação.

7. Dhyana – A fusão do sujeito que medita com o objeto da meditação.

8. Samadhi – A união do sistema Ego/Mente com nossa natureza autêntica além do espaço e do tempo.


Entendido algumas possibilidades de associação simbólica do Yoga com a árvore, vou agora ao ponto central deste artigo: a árvore de YogaMaya.


O que vou descrever abaixo não foi lido nem inspirado em nenhum mestre, professor ou professora de Yoga ou de qualquer manifestação espiritual de outros.


É fruto de meu próprio processo interior e intuitivo.


Posto isto, o que vejo na relação de Yoga e uma árvore é da jornada representada ao subirmos em uma árvore. Esta escalada é a mesma que muitos de nós fizemos quando criança.


Nosso objetivo é ficar o mais alto possível em um ponto onde as pessoas embaixo não nos percebem e assim obtermos uma visão muito mais ampla da realidade.


Assim é nossa jornada do Yoga. Iniciamos sempre em Maya, o manifesto e dual mundo que nos cerca e do qual nosso ego, mente e personalidades se estruturam para a vida.


Com estas estruturas que nossa sede por transcendência e propósito impulsionam nossa escalada.


O objetivo na escalada da árvore é desenvolver um ponto de vista muito mais amplo de nós mesmos ao observarmos nosso ego e as manifestações de nossas personalidades com o mundo de um ponto mais alto e distante, capaz de expandir muito nossa consciência sobre nós mesmos.


Assim, nossa jornada tem como ponto de partida nosso corpo e nossa mente.


E podemos utilizar este sistema corpo/mente através de várias possibilidades de técnicas de Yoga para a subida na árvore.


Da mesma forma a criança escala a árvore utilizando seus membros, seus músculos e sua atenção plena na firmeza de cada passo.


Seguimos nossa subida, porém devido ao peso de nossos corpos nos limitamos e temos de parar a certa altura pois a cada ramificação para cima os galhos se tornam menores e mais frágeis.


Alguns galhos se quebram e temos de recuar para repensar como avançar já que ir em frente a partir de certo ponto nos leva a correr riscos de queda e de nos machucarmos.


Então paramos em um ponto de segurança que é intermediário. Não evoluímos mais pois nossos recursos interiores chegaram ao limite. A sede de transcendência que nos impulsionou até aqui parece perder o sentido já que um limite aparentemente intransponível pode limitar nosso avanço.


O desanimo muitas vezes nos acomete e mesmo aquela visão já com certa distância do nosso ego/mente parece ter esgotado a capacidade de nos ensinar.


É uma espécie de encruzilhada na jornada.


Como continuar? Como chegar aos frutos da sabedoria inerente e profunda que carregamos apoiados nas leves e frágeis folhas da árvore?


Estes frutos só são acessíveis através de um caminho que não é capaz de nos sustentar.


Para compor o quadro da árvore do Yoga, agora mais de perto percebemos estes frutos como pérolas em formato de ovo.


Pérolas, pois são valiosas e surgem de um longo processo natural a partir de areia.


O formato de um ovo que nos remete a potência da existência contida em uma simples estrutura além de simbolizar o renascimento.


Chegar a estas pérolas e ser capaz de trazer na descida de volta a vida algumas para podermos plantá-las e gerar mais árvores da transcendência é o desafio desta jornada.


Porém parece impossível nos apoiar em estruturas tão sutis como as folhas para atingirmos o ponto de acesso as pérolas.


Entramos em um paradoxo no qual só atingiríamos a mais ampla consciência apoiados em algo que não nos sustenta. Como isto é possível?


Agora pare por um instante e reflita sobre esta questão antes de seguir para o final deste texto.


Feche os olhos e faça algumas respirações profundas e lentas. Inspire contando lentamente até sete e expire também contando lentamente até sete. Ao inspirar coloque o máximo de ar no pulmão e ao expirar retire todo o ar do pulmão. Repita os ciclos respiratórios por dez vezes. Mantenha seus olhos fechados e imagine-se nesta subida pela árvore a partir de um chamado para a aventura desta jornada.


Siga os passos na escalada da árvore e pare no meio da escalada no ponto onde os galhos já não podem mais te sustentar.


Faça SILÊNCIO e REFLEXÃO a partir do centro da árvore


Meu objetivo é encerrar este artigo a partir de minha própria experiência nesta jornada em algum momento no futuro.


Por hora gostaríamos de escutar seus insights” e respostas.


Mande um whatsapp ou um e-mail para nós da escola compartilhando sua experiência na jornada interior do Yoga.


Vamos trocar. Sua resposta pode abrir nossos corações para novas possibilidades. Compartilhe.


Namastê.

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