Por Professor Eduardo Dias
Estamos cansados de seguir, de ter que cumprir, imitar e montar uma personalidade que seja aceita pelo mundo e pelas pessoas a nossa volta. Nossos anseios de aceitação, orgulho e reconhecimento nos esgotam.
Parece que quanto mais corremos nesta direção mais distante estamos de preencher aquele algo profundo que nos falta.
Nos sentimos perdidos e ao acordar todos os dias vestimos aquela velha personalidade afiada em julgar, criticar e transferir aos outros e ao mundo a responsabilidade por nossas vidas vazias.
Ao nos olharmos no espelho interior insistimos em repetir como somos bons enquanto o medo e a insegurança se mantêm internamente em intensa atividade.
Os dias se passam e somos guiados por forças que não confrontamos, inconscientes e vazias de significados. Onde estamos errando?
Para que esta rota de ausência de significado e medo mude de direção precisamos nos conhecer mais a fundo.
A proposta da arte do Yoga é expressar o inconsciente a partir de um olhar interior para que seus elementos possam vir a consciência e serem iluminados.
Descobrir o que é real dentro de nós além da personalidade.
Muitos falam do ser divino e pleno em nosso interior. Mas antes do divino temos um desafio nada fácil de reconhecer: nosso próprio eu despido das personalidades.
Isto é autoconhecimento.
É trazer a luz o bom e o mau dentro de nós. As piores lembranças e os mais elevados sentimentos. Reconstruir os pedaços de nossa história com a transparência da consciência.
É um trabalho de dentro para fora.
Sempre trabalhamos no sentido inverso para nos adaptar e alegrar o mundo de fora. Agora devemos inverter este fluxo.
Quando atingirmos a maturidade deste processo nossas personalidades se modificam e passam a refletir um eu mais completo, inteiro e total. Daí podemos iniciar nossa conexão com a liberdade.
A única realidade que existe é aquela que é fruto da nossa interpretação.
A única liberdade que existe é aquela capaz de escolher entre possibilidades de interpretações da realidade.
O mundo lá fora não vai conspirar a nosso favor para obtermos riquezas pelo “segredo” que você cria a realidade material como mágica.
Esta riqueza só acontece para os autores destes livros que consumimos aos milhões na busca de preencher nosso vazio.
A magia, ao contrário, opera no interior e na alquimia de transformar emoções reprimidas e angústias em aprendizado e integração.
A falta e o vazio da vida são sinais preciosos de que é chegado a hora de iniciar nossa busca pela totalidade.
Quando avançamos neste sentido, olhando cada vez mais fundo e além das personalidades, podemos reinterpretar o mundo, a nós mesmos e aos acontecimentos a nossa volta.
Aprendemos a escolher nossas interpretações e descobrimos a liberdade.
Assim, mais vivos e criativos vamos nos despindo em nosso espelho interior, amadurecendo e produzindo tudo com mais luz.
E quando criamos luz também criamos sombras. Quando criamos alegria também criamos sofrimento.
Aprendemos a arte e a liberdade de andar com os opostos simultaneamente sem negar mais nada inconscientemente.
Somos senhores do nosso próprio desenvolvimento e despreocupados com qualquer forma de pureza ou perfeição.
Não há perfeição em SER HUMANO.
A perfeição só pode se manifestar em algo completo. Por isso a busca pelo mais completo, mais integral.
Neste ponto não perdemos nosso ego nem somos menos eu ou mais divinos.
O eu é o veículo de toda a manifestação da vida. Somos mais eu, mais inclusivos com nós mesmos.
Estamos sim gerando mais identificação com nosso psiquismo profundo (alma).
Uma outra fase da jornada é a inclusão da identificação com a testemunha consciente, o Self ou o divino dentro de nós.
Sempre incluindo. Nunca “matando” ou excluindo nada em nós, mas esta já é outra aventura.
Isso é Yoga.
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